A Verdade Afogada

Num museu da pequena cidade de Moulins, nos Alpes franceses, repousa uma obra de arte que retrata umas das maiores batalhas da história da Humanidade. Não é uma cena tirada de alguma guerra sangrenta. É tão somente o retrato de um poço e uma mulher nua tentando sair dele. O quadro, realizado em 1896 pelo artista francês Jean-Léon Gérôme, chama-se A Verdade saindo do poço. É uma obra sobre um eterno dilema do ser humano: a Verdade contra a Mentira.

Há uma lenda a respeito. Conta-se que, um dia, a Verdade e a Mentira se encontraram por acaso. A Verdade, que conhecia a má fama da outra, tratou logo de se afastar. “Espere” – disse a Mentira – “não há motivo para temer. Olhe só que belo dia, tão próprio para um passeio.” A Verdade olhou para o céu azul e teve que concordar: “Sim, está mesmo um belo dia.” Continuaram a caminhar juntas até chegarem à beira de um poço no meio do bosque. A Mentira encostou a mão na água e disse: “A água está limpa e agradável. Vamos tomar um banho juntas?” A Verdade fez o mesmo e concordou: “Sim, a água está muito boa.” Então, as duas se despiram e entraram na água.

O banho estava realmente delicioso. Aproveitando um momento em que a Verdade dava um pequeno mergulho, a Mentira pulou fora do poço, vestiu as roupas da Verdade e saiu correndo. Ao perceber isso, a Verdade nem pensou duas vezes. Decidiu que não vestiria as roupas da Mentira e saiu nua a perseguir a ladra. Ao andar assim por aldeias e cidades, a Verdade passou a ser injuriada, xingada e escorraçada pelas pessoas horrorizadas em vê-la nua. Embora dissesse que estava procurando a Mentira para reaver suas roupas, a Verdade nua não encontrava ajuda nem apoio. Portas se fechavam na sua cara, gentes de todas as classes a evitavam. Não encontrou abrigo nem dos ricos, nem dos pobres. Foi expulsa dos salões, das cortes, dos tribunais, dos púlpitos, dos altares, dos lares. Enquanto isso, a Mentira, usando as roupas da outra, era recebida com pompa e circunstância nos mesmos lugares de onde a Verdade tinha sido banida.

Triste e desiludida, a Verdade desistiu de tudo, voltou a mergulhar no poço e desapareceu para sempre escondendo a sua vergonha. E até hoje a Mentira anda pelo mundo disfarçada de Verdade, encantando a sociedade que prefere nela acreditar para não ter que encarar a Verdade nua.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, aponta que duas pessoas, ao se conhecerem, mentem, em média, três vezes nos primeiros dez minutos de conversa. Falar “mentiras sociais” faz parte da convivência em sociedade. A mentira, porém, pode se tornar compulsiva e aí adquire caráter de doença. Mas o que faz mal ao mundo é a mentira ardilosa, urdida, aquela que tem um objetivo sórdido, aquela que destrói um relacionamento, uma carreira, uma vida. Nas esferas do Poder é onde a Mentira se torna mais estruturada e sedutora. Um conjunto de mentiras bem sustentadas e repetidas pode destruir a dignidade de um povo e o futuro de uma nação.

Se a mentira já viajava rápido antes da invenção da roda, hoje ela é instantânea e onipresente graças aos computadores e celulares. O mesmo aplicativo que nos conta uma bela parábola, como a que foi aqui transcrita, também tenta nos influenciar e enganar várias vezes a cada dia. A Internet e suas redes sociais deveriam esvaziar o poço, reabilitar a Verdade e apresentá-la ao Mundo em tempo real. Porém, ocorre o contrário: é o poço que cada vez mais se enche de água.

(Por Ana Carolina Becker)

O que 2021 já me ensinou

Este ano nem chegou à metade, e trouxe tantas lições!
Após um 2020 que me redefiniu completamente, subestimei o potencial de 2021 ir além. Quero hoje compartilhar um pouco deste aprendizado que levo pra vida.
– O melhor lugar do mundo não é um lugar que a gente encontra no Google Maps.
– Você atrai aquilo que transmite.
– O que é ruim só entra na sua casa e na sua vida se você permitir. Mas o coronavírus parece uma exceção à regra.
– Não subestime o poder destrutivo do fanatismo.
– Não subestime o poder destrutivo de um vício, ainda que seja só café e cigarro.
– Não importa quantas centenas de milhares de pessoas morram, ainda vai ter alguém falando daquele tríplex do Guarujá.
– Podemos sobreviver por anos em isolamento social, mas viveremos bem menos se voltarmos à normalidade.
– Pedir perdão é libertador. Perdoar(-se) também.
– Família não é necessariamente laço de sangue.
– A cada ano, cada crise, você percebe que o número de amigos diminui. E isso é a melhor coisa que pode acontecer.
– É na capacidade de superação que se fortalecem os laços afetivos.
– Algumas pessoas são incorrigíveis, simplesmente porque não lhes convém.
– Se uma única pessoa pode plantar a semente da mudança imagina o poder de várias pessoas unidas em um único objetivo.
– Convicções aprisionam. Desconstruções libertam.
– Você não precisa ter vergonha de mudar de opinião. Tem gente que vai morrer defendendo que a terra é plana.
– A gente supera qualquer momento de solidão quando aprende que a solidão absoluta não existe.
– A maioria de nós não vai precisar chegar à velhice para entender o que as pessoas idosas passam.
– Nenhum fio de cabelo branco nasce por acaso.
– O melhor aniversário da minha vida não teve bolo nem festa, e nem mesmo uma fotinha nas redes sociais.
– Posso sobreviver à riqueza e à pobreza, mas nunca sobreviveria à falta das coisas que o dinheiro não compra.
– Se eu morresse hoje, seria grato porque, mesmo sem ficar ryca, tive o privilégio de ser quem eu sou, conheci o cara mais maravilhoso que poderia desejar ter na vida, tive os melhores e piores amigos desse mundo, e renasci das cinzas mais de uma vez. Não, pera… sou ryca sim.

Gratidão.

O que aprendi na Páscoa

Nesta Páscoa eu aprendi…
Que a distância geográfica não separa corações unidos no amor.
Que família reunida e família unida são coisas muito diferentes.
Que vínculos em redes sociais não dizem quase nada sobre os vínculos reais, mas que postagens podem dizem muito sobre nós.
Que bloquear ou silenciar-se às vezes só diz respeito à nossa saúde mental.
Que laços afetivos não dependem unicamente dos laços de sangue.
Que amar não significa ter expectativas correspondidas, mas sim entender que os laços permanecem mesmo quando quem amamos nos decepciona.
Que aqueles que amamos, em algum momento irão nos decepcionar, e está tudo bem. Porque ninguém se decepciona com alguém que não tem importância.
Que quando se tem muito a dizer, é melhor calar-se e esperar.
Que não compreendemos as novas gerações da mesma forna que um dia fomos os incompreendidos.
Que o isolamento social mostrou que o que mais importava na Páscoa não eram os ovos de chocolate.
Que a Ressurreição de Cristo remete ao perdão, à renovação, ao findar das coisas que não nos servem mais, ao abrir as portas para as coisas boas, para as verdades da vida…
E que a grande lição de Deus caiu no esquecimento e perdeu seu valor, se mesmo nessa data, os corações não se abriram para perdoar, e se nossas mentes não se permitiram deixar ir o que não nos faz bem, esquecer o que deve ser esquecido, ser resiliente com as limitações e dores desses tempos difíceis de pandemia, e manter a esperança de um amanhã mais feliz.
Paz.

2020

2020 foi o ano que quebrou paradigmas.
Saímos da própria bolha para o isolamento.
Despedimo-nos sem dizer adeus.
Desacreditamos no óbvio e acreditarmos no impossível.
Ninguém será o mesmo.
Eu não sou o mesmo.
Este EP é sobre isso. Conhecer o fundo do poço para encontrar a luz.
Perder o controle para encontrar o equilibrio.
Erguer em meio aos destroços um alicerce de esperança.
É a promessa de um novo amanhã.

Ouça “2020”:

Por que é melhor não falar de política no trabalho

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Quando encontramos pontos em comum com outras pessoas, como torcer para o mesmo time, crer na mesma fé e fazer parte do mesmo partido, ganhamos aquele sentimento de pertencimento. É tão bom conversar com gente que pensa como a gente, não?
O problema é quando as opiniões são diferentes. E discordar sobre esses assuntos é um incômodo grande porque envolve crenças. Crença é “ter algo como verdadeiro” e desconstruir uma verdade cognitiva não é tarefa fácil, é preciso alterar premissas, análises, julgamentos – essa é a primeira razão pela qual não devemos discutir política no ambiente de trabalho.
Além disso, a busca pela sensação de “pertencimento” por meio da política pode ser perigosa. Ao expor sua opinião e suas preferências, você pode conquistar a empatia daqueles que pensam como você. Inevitavelmente, vai despertar também a antipatia dos que pensam diferente. Acredite: há mais chances de errar do que acertar com esse assunto.
Minha dica? Procure empatia com outros assuntos, como hobbies, filmes, música, educação de filhos, projetos da empresa. Desse modo, você tem menos chances de gerar aversão ou antipatia.
Nosso sistema político está longe de ser minimamente perfeito, concorda? Eu só conseguiria defender um político se o conhecesse pessoalmente (e há um bom tempo) – e olhe lá!
Quanto aos partidos, já vimos que as ideologias podem ser substituídas pelo desejo de poder e que sempre haverá aqueles que ficarão de fora, pois é impossível atender a todos.
O que observo, em geral, é que intenção de quem discute política é fazer um Brasil melhor. Quem defende um político ou um partido faz isso por acreditar que é o melhor para o país! Por isso, para encerrar um debate acalorado, minha recomendação é declarar essa intenção. Se todos perceberem que buscam o mesmo objetivo, será mais fácil desfazer o conflito.
Por fim, vale lembrar que escritório é lugar de discutir clientes, concorrentes, mercado, qualidade, estratégia, procedimentos. Política só se for comercial, de remuneração ou compliance.

(por João Xavier)

Comunicado

Na qualidade de Sócio Efetivo do CASVI – Centro de Apoio e Solidariedade a Vida, comunico minha SAÍDA IMEDIATA DESTA ONG.
Manifesto aqui meu respeito e admiração pela Ong CASVI, porém tenho visão contrária à forma como esta vem sendo conduzida por sua liderança.
Informo que as opiniões expressas em notas divulgadas pela ONG nesta semana não representam, em parte, a minha opinião.
Sou a favor do diálogo aberto em qualquer situação de divergência de ideias, mas quando esse diálogo deixa de existir, não me sinto confortável em permanecer.
Reafirmo ser contrário a qualquer atitude de racismo, como também sou contrário ao “linchamento virtual” e a qualquer tipo de ato de violência como resposta. A Lei existe para que as pessoas respondam por seus atos, por isso não compactuo com discursos levianos e oportunistas.
Esclareço que a minha saída não significa dar as costas para a causa LGBTQI. Minha militância e ativismo não dependem necessariamente de uma ONG. MINHA LUTA CONTINUARÁ SIM, e não será apenas virtual.
Sem a diversidade de ideias, discurso consistente e um diálogo aberto e respeitoso, não se pode chegar a lugar algum.

Semana da Conscientização Bissexual+

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Em alusão à BiWeek (Semana da Conscientização Bissexual+), a GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation) publicou uma lista de termos comuns freqüentemente usados ​​na comunidade bi+, bem como alguns mitos e maneiras comuns de enfrentá-los.

TERMOS
Bissexual / Bi

Uma pessoa que tem a capacidade de sentir atrações físicas, românticas e / ou emocionais duradouras por pessoas do mesmo sexo ou por pessoas de outro sexo. As pessoas podem experimentar suas atrações de diferentes maneiras e graus ao longo da vida. Algumas pessoas bi+ são atraídas por pessoas de todos os sexos igualmente. Outros podem ter atrações predominantemente voltadas para um gênero em detrimento de outros.

Invisilibidade Bi

Um problema generalizado no qual a existência ou legitimidade da bissexualidade+ (em relação a um indivíduo ou como uma identidade) é questionada ou negada completamente.

Bifobia

Aversão a bissexuais+, geralmente baseado em estereótipos, incluindo associações imprecisas com infidelidade, promiscuidade e transmissão de infecções sexualmente transmissíveis.

Bissexual+ / Bi+

Um termo abrangente para pessoas com capacidade de se sentirem atraídas mais de um gênero. Inclui pessoas que se identificam como bissexuais, pansexuais, fluidas, queer, etc.

Pansexual / Pan

Uma pessoa que tem a capacidade de sentir atrações físicas, românticas e / ou emocionais duradouras por pessoas de todos os sexos ou por pessoas independentemente do sexo.

Polissexual

Um indivíduo que tem a capacidade de sentir atrações físicas, românticas e / ou emocionais duradouras por uma variedade de pessoas de vários – mas não necessariamente todos – os gêneros. Por exemplo, uma mulher pode se identificar como polissexual, se for atraída por outras mulheres (cis e trans) e também por indivíduos não-binários.

Queer

Outrora um termo pejorativo, agora recuperado por algumas pessoas LGBTQ para se descreverem. Normalmente usado como um termo genérico para descrever alguém cuja orientação sexual ou identidade de gênero não se enquadra em cisgênero e heterossexual. É importante observar que você só deve descrever alguém como “Queer” se a pessoa o usar como um rótulo para si.

Fluido

Atração que muda ou pode mudar ao longo do tempo por pessoas de vários sexos.

 

MITOS
Abaixo estão alguns mitos comuns sobre a identificação na comunidade bi+. Para evitá-los, é melhor não assumir a identidade de uma pessoa ou suas motivações específicas ou experiências relacionadas às identidades que elas usam. É preciso também evitar conflitar ou trocar esses termos, apesar das semelhanças que se pode observar.

Mito 1: Identificar-se como bissexual é inerentemente trans-exclusivo ou exclui indivíduos não-binários.

A bissexualidade+ não é mais inerentemente transfóbica do que ser heterossexual ou gay / lésbica. De fato, a maioria das pessoas trans e não-conformes ao gênero se identifica como bissexual+. Contar histórias sobre pessoas trans ou não-conformes ao gênero que se identificam como bi+ é uma maneira útil de combater esse mito.

Mito 2: As pessoas Bi + precisam escolher apenas uma identidade e permanecer com ela para sempre.

É importante respeitar a terminologia que uma pessoa bi+ usa em diferentes pontos da vida e entender que as pessoas podem se identificar com diferentes terminologias em momentos diferentes. Além disso, as identidades podem ser mantidas juntas e mudar ao longo do tempo. Por exemplo, algumas pessoas podem se identificar como “bi” e “pan” porque acreditam que sua orientação corresponde às duas definições. Algumas pessoas podem se identificar como “polissexuais”, “homoflexíveis” e “bissexuais” ao mesmo tempo para descrever sua atração que é predominantemente, mas não exclusivamente, orientada para pessoas do mesmo sexo.

Mito 3: Todas as pessoas bi+ são gays ou heterossexuais.

Muitos indivíduos bi + não se identificam como “gays / lésbicas” ou “heterossexuais” com frequência porque esses termos não descrevem com precisão suas orientações ou experiências. É importante usar a terminologia que uma pessoa bi + usa para se descrever, mesmo que descrever alguém como gay / lésbica ou hetero pareça mais fácil. As identidades bissexuais + só serão compreendidas melhor se forem representadas com mais precisão.

Mito 4: Pessoas bissexuais + são mais promíscuas que pessoas gays / lésbicas ou heterossexuais.

As pessoas bissexuais+ têm a mesma capacidade de escolher ou não a monogamia que as pessoas gays / lésbicas ou heterossexuais. Não há razão para perpetuar o mito de que pessoas bissexuais+ são menos propensas a serem monogâmicas do que pessoas com outras identidades.

Mito 5: As pessoas bissexuais+ podem ser “passagens diretas” ou ter “privilégios diretos”.

Uma pessoa bi+ pode ser discriminada a qualquer momento, independentemente do sexo do parceiro. Argumentar que uma pessoa bi+ é uma “passagem direta” é invisibilidade bi+. De fato, as pessoas bi+ enfrentam desafios com risco de vida a taxas mais altas do que os gays e heterossexuais e têm menos acesso a recursos devido a atitudes discriminatórias em relação às identidades bissexuais+.

Sobre a BiWeek

Co-fundada pela GLAAD e BiNet USA, a Semana de Conscientização Bissexual+ busca acelerar a aceitação da comunidade bi+ (pansexual, fluida, sem rótulo, gay, etc.). O #BiWeek chama a atenção para as experiências e também comemora a resiliência da comunidade bissexual+. A partir deste ano de 2019, a Semana de Conscientização Bissexual+ tem início no dia 16 de setembro, encerrando no Dia da Visibilidade Bissexual (23).

Ao longo da #BiWeek, pessoas bi+ e aliadas aprendem sobre a história, cultura, comunidade e prioridades políticas atuais das comunidades bi+.

(por Louise Prollamante para o GLAAD)

Dia Nacional da Visibilidade Lésbica: entenda por que a data é necessária

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Em contraposição ao histórico apagamento das vivências e do trabalho feito pelas mulheres lésbicas dentro do movimento LGBTI+ e do movimento feminista, em 29 de agosto é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Estabelecida por ativistas brasileiras, a data denuncia, além da invisibilização, as diversas violências psicológicas, simbólicas, físicas e econômicas sofridas por mulheres lésbicas em todos os espaços da sociedade.

A data faz referência à realização do primeiro Seminário Nacional de Lésbicas (Senale) realizado no Rio de Janeiro, em 1996, para tratar de temas relacionados à violação de direitos das mulheres em razão da sua orientação sexual.

Desde então, o tema é lembrado nessa data — e a comemoração se estende ao longo de todo o mês de agosto. No dia 19 do mesmo mês também é celebrado o Dia do Orgulho Lésbico, em memória à primeira grande manifestação de mulheres lésbicas no Brasil, ocorrida em 1983, em São Paulo. Naquela noite, ativistas do Grupo Ação Lésbica Feminista (Galf) ocuparam o Ferro’s Bar para protestar contra os abusos e preconceitos que vivenciavam no local.

O bar era um ponto de encontro na noite paulistana, onde ativistas LGBTs e artistas podiam fazer suas performances e vender seu trabalho. Porém, um mês antes, os donos do estabelecimento haviam vetado a distribuição do boletim “ChanacomChana”, primeira publicação ativista lésbica do Brasil, e expulsaram as autoras do local.

Na noite da manifestação, integrantes do Galf conseguiram entrar no bar e obter a promessa dos donos de que não seriam mais impedidas de distribuir a revista ali. A data é conhecida como o “Stonewall brasileiro”, em referência à histórica manifestação de gays, lésbicas e travestis contra a repressão policial em Nova York, em 28 de junho de 1969, que posteriormente daria origem ao Dia Internacional do Orgulho LGBT.

Mas afinal, o que significa essa invisibilização?

O apagamento lésbico é, ao mesmo tempo, causa e resultado da lesbofobia — a discriminação sofrida por mulheres lésbicas em função do seu gênero e orientação sexual. Ela se manifesta de diversas formas, desde o não reconhecimento das relações afetivas entre mulheres, passando pela hipersexualização dos corpos lésbicos, a negligência na área de saúde, até atos mais extremos, como o estupro corretivo e o lesbocídio.

(por Leda Antunes e Clarissa Pains para O Globo)

Carta de um eleitor ocupado

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(publicado originalmente há 7 anos, no Blog do Amstalden)

Meus amigos, eu sei o quanto deve ser frustrante para vocês, ao ver sempre as mesmas figuras ganharem as eleições e novamente não fazerem nada daquilo que tanto prometeram. Vocês aí, que sempre procuram analisar o perfil e histórico de cada candidato, e levam mesmo a sério a questão do voto consciente. Devem ser as mesmas pessoas que não se conformam com aquelas que desperdiçam seu direito e votam EM BRANCO.

Pois bem, eu sou uma dessas pessoas, e vou lhes explicar o porquê.

Estou muito ocupado, e não tenho tempo para acompanhar os principais noticiários do país, e tampouco ler algum jornal.

Não acho justo perder meu precioso tempo, por exemplo na hora do almoço, quando estou muito ocupado, ouvindo o Programa Pânico no rádio enquanto me alimento. Depois disso ainda vejo algum programa de esportes, afinal vocês concordam a importância primordial que há no que vem acontecendo com o meu time do coração!

Estou muito ocupado à noite, quando chego cansado de meu trabalho, e não vejo por que me desgastar ainda mais com as notícias dos telejornais. Prefiro, sim, relaxar e assistir à novela das nove, afinal quem não quer saber o que a Rita vai aprontar pra Carminha outra vez?

Espero que entendam que sou uma pessoa culta. Sei filtrar muito bem aquilo que assisto na televisão. É por isso que não perco por nada o Pânico. O humor inteligente e refinado garante a mim um nível de cultura elevadíssimo, afinal terei muito assunto na roda de amigos do trabalho, ou mesmo naquele Happy-Hour no fim-de-semana.

Também procuro aproveitar muito bem a enorme quantidade de informações disponível na Internet. Não deixo de acessar, diariamente, o YouTube para me informar sobre o que os internautas mais assistem no momento. E “para nossa alegria”, ainda bem que existem as redes sociais, onde sempre são divulgados e discutidos assuntos de extrema importância.

Não creio, portanto, que sou o único neste país. Vejam só quanta informação obtenho diariamente, desde humorísticos e novelas até o Twitter, e não é estranho que pouco se fala em política? Então, meus caros, concluo que isso não é algo relevante para qualquer que seja o eleitor.

Ouvi falar algumas coisas aí sobre um tal de Cachoeira, e agora parece que está acontecendo o Julgamento do Mensalão. Nossa, pra quê se ocupar com algo que aconteceu há tantos anos atrás?

Eu sinceramente acho política uma coisa muito complicada e entediante, e como já sei que nada muda mesmo, prefiro me valer do meu direito de sempre votar em branco, pois se mais tarde, as coisas derem errado – e sempre dão – não terei nenhuma parte de culpa nisso.

Afinal de contas, o que mudaria na minha vida? Meu salário? Os impostos que pago? Serviços essenciais, como saúde e segurança? A educação dos meus filhos? A violência? Não, eu sinceramente acho que um mísero voto não é capaz de mudar nada disso não. Você não concorda?

É por isso que, mais uma vez, não vou gastar meu tempo tão precioso me informando sobre essa coisa tão chata que é a política. Nem quero ouvir dessa vez o que cada candidato propõe; e pouco me convém saber do passado e presente de cada um.

Pelo bem, pelo mal, vou continuar votando em branco. Afinal, eu sou muito, mas muito ocupado.

 

NOTA: Esta Carta é fictícia, e o Autor jamais votou ou votará em branco.

Este foi meu primeiro artigo publicado. Acesse aqui o post original.

 

O que é exatamente o poliamor?

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Poliamor é um desses conceitos que se tornaram cada vez mais famosos e mais freqüentes em nossa sociedade. Mas afinal, o que queremos dizer com isso? O que é poliamor?
Vamos começar com as definições. “Poli” é um prefixo grego que significa “abundância”, “muito” ou “variedade” … e a palavra “amor”, bem, que todos saberão o que isso significa. Juntos, “poliamor” é um termo usado para definir o ato de amar várias pessoas ao mesmo tempo. Podemos também defini-lo como a preferência para interagir amorosamente com mais de uma pessoa de cada vez.
Mas algo muito importante no poliamor é que todas as pessoas envolvidas estão cientes desta situação. Poliamoristas acreditam que o amor não tem que ser um pouco restrito a uma pessoa e que, enquanto houver consenso, um relacionamento pode existir de maneira saudável entre mais de duas pessoas.
Poliamor não é o mesmo que poligamia. A poligamia é um tipo de casamento em que uma pessoa pode ser casada com várias pessoas ao mesmo tempo. Por exemplo, na cultura muçulmana, um homem pode ter uma, duas, três ou mais esposas.
Embora a poligamia seja uma instituição, algo dado por regras, o poliamor é um relacionamento dado por decisões e acordos compartilhados e acordados. Além disso, na poligamia, existe uma hierarquia de relacionamentos, ou seja, nem todos estão “no mesmo nível”, e o poliamor procura ser igual a esse respeito. Embora isso não signifique que não haja regras em um relacionamento poliamoroso.
Se por si só, um relacionamento entre duas pessoas pode ser um tanto complexo, imagine um relacionamento onde haja mais de dois. Então é claro que as regras são necessárias. Essas regras são definidas por cada casal, mas existem algumas regras ou, em vez disso, “valores” gerais que funcionam para todos os relacionamentos poliamorosos. Nós apresentamos a você:

  • Fidelidade: mas mais em um sentido de honestidade com seus amores em relação aos seus relacionamentos. A fidelidade refere-se a não trapacear ou trair outra pessoa, a ser leal. E é a esse conceito que esse valor se refere em relações poliamorosas. Uma maneira de ser fiel é respeitar os acordos de relacionamento.
  • Honestidade: em qualquer relacionamento, a honestidade é muito importante, mas em relações poliamorosas é até um pouco mais necessária. Uma vez que você está em um relacionamento de mais de duas pessoas, é essencial que em todos os momentos você seja honesto sobre como você se sente para o relacionamento funcionar.
  • Respeito: para todos os membros do relacionamento e suas emoções, tanto para você quanto para os seus.
  • Comunicação: um fator-chave para que o relacionamento funcione é que todos os seus membros comuniquem como se sentem.
  • Negociação: é importante que todos os membros reservem um tempo para sentar e negociar sobre quais serão os acordos no relacionamento.
  • Desapego: Finalmente, todos devem tentar desenvolver sua capacidade de se destacar para evitar situações de ciúmes no relacionamento.

As pessoas que praticam o poliamor são aquelas que já estiveram em relacionamentos exclusivos de duas pessoas e que não conseguiram se sentir completamente satisfeitas sob esse esquema. Para essas pessoas, o poliamor é uma maneira de se relacionar que lhes permitirá sentir-se completo em seu relacionamento. No entanto, esta não é a situação de todos.
É por isso que não podemos dizer que o poliamor é “recomendado” ou não. Depende do que cada pessoa procura e precisa. O que é que, como qualquer outro relacionamento, o poliamor requer muito comprometimento e confiança para fazê-lo funcionar.

(por Maria José Karsavina)
Traduzido da publicação original em espanhol: https://www.soyhomosensual.com/lifestyle/que-es-exactamente-el-poliamor/